E se a publicidade, ao abandonar o sonho, tivesse esquecido como se faz desejar?
Durante o século XX, a propaganda foi a grande fábrica de mitos do mundo moderno. Criava narrativas, forjava arquétipos, produzia desejo. Vendia muito mais do que produtos: vendia versões idealizadas de quem poderíamos ser.
Mas no início do novo milênio, algo mudou. Em nome da representatividade, da autenticidade e da correção política, a publicidade deixou de projetar futuros para apenas espelhar o presente. Substituiu o glamour pelo cotidiano. O símbolo pela literalidade. O arquétipo pela normalidade.
Do sonho ao espelho é um ensaio provocador sobre essa virada simbólica. Uma jornada crítica — mas não nostálgica — pelas escolhas estéticas, culturais e estratégicas que transformaram a propaganda de operadora do desejo em comentarista da realidade.
Com referências que vão de Aristóteles a Byung-Chul Han, de Barthes a Zygmunt Bauman, este livro propõe uma reflexão urgente: a publicidade ainda pode encantar? Ou resignou-se à sua própria irrelevância?
Não se trata de um ataque — mas de um convite à dúvida.
Porque onde não há mais desejo, talvez não haja mais consumo. E onde não há mais consumo simbólico, talvez estejamos todos apenas sobrevivendo ao real.